“As estrelas são as grandes forjas do nosso universo. Ao longo de sua existência, elas produzem e espalham pelo cosmos os elementos químicos que conhecemos hoje. Mas como isso é possível?”
Minha intenção é mostrar como esses astros desempenharam um papel fundamental na evolução do nosso universo. Mas afinal, como a literatura científica compreende atualmente a formação dessas estrelas e sua importância cósmica ?
A busca por entender como ocorre o nascimento e a transformação das estrelas ainda é intensa — trata-se de um campo de estudo exaustivamente explorado, mas que continua cercado de mistérios. Muitas perguntas seguem sem resposta na comunidade científica.
Ok, mas o que é uma estrela, como a humanidade as percebeu, e o que elas fazem ?
Neste primeiro post, exploraremos a história do fascínio humano pelos astros e como sua definição evoluiu ao longo do tempo. Nos próximos posts, vamos abordar os principais nomes envolvidos na história da astronomia, e também conceitos e informações sobre o nascimento, a evolução e as transformações que uma estrela sofre ao longo de sua vida.
A primeira impressão !
É evidente que a observação das estrelas remonta aos tempos pré-históricos, quando os primeiros seres humanos lutavam diariamente por sua sobrevivência. Talvez muitos deles, ao contemplarem o céu noturno, imaginassem que as estrelas fossem outros mundos habitados por seres semelhantes a eles. De forma mais prática no entanto, essas luzes fixas passaram a ser utilizadas como referência espacial e temporal — orientando deslocamentos e marcando ciclos importantes da natureza.
Diversos registros e artefatos encontrados na Europa evidenciam que a observação dos astros já era praticada como uma forma de facilitar a vida cotidiana. Monumentos como Stonehenge, máscaras ritualísticas associadas à Lua, entre outros vestígios arqueológicos, mostram que a observação do céu era percebida como uma prática capaz de transformar a maneira de viver, orientar decisões e conectar o ser humano ao cosmos.
Astronomia como Observação!
O texto astronômico mais antigo conhecido data de aproximadamente 1600 a.C. e descreve observações precisas do planeta Vênus na antiga Mesopotâmia. No Museu Britânico, há milhares de tabletes de barro mesopotâmicos (atualmente região do Iraque) contendo textos cuneiformes que registram observações astronômicas em um formato surpreendentemente compatível com os padrões da astronomia moderna.
Existem também gravuras ainda mais antigas que parecem representar conjunções planetárias, cometas e outros fenômenos celestes. No entanto, esses registros não podem ser interpretados diretamente como dados astronômicos formais. Na China, há registros que remontam a 2700 a.C., enquanto na Irlanda há vestígios datados de cerca de 3400 a.C. Na famosa caverna de Lascaux, na França, datada de 17.000 a.C., há uma pintura que possivelmente representa as Plêiades. E um fragmento de presa de mamute, com aproximadamente 32.000 anos, contém marcas que alguns pesquisadores interpretam como representações da constelação de Órion.
À medida que a cultura humana se desenvolveu e a sociedade evoluiu de um estado primitivo para uma forma mais complexa, os astros passaram a exercer um papel ainda mais significativo. Diversas ciências e práticas passaram a se orientar por suas posições no céu. Comerciantes marítimos utilizavam as constelações para navegar e se localizar, enquanto agricultores observavam os astros para determinar os melhores períodos de plantio e colheita. Além disso, sistemas ideológicos e religiosos frequentemente associavam determinados corpos celestes a eventos recorrentes, relacionando-os a divindades e mitos que explicavam os ciclos da natureza e da vida.
Embora não possamos afirmar que esses registros antigos correspondam à astronomia tal como a entendemos hoje — como uma atividade científica sistemática —, eles certamente revelam um conhecimento empírico dos céus.
A Lua
Compreender como a humanidade, em seus primórdios, se relacionava com a Lua é uma busca fascinante, que envolve conceitos de diversas áreas do conhecimento, como a Antropologia, a História da Astronomia e a arte rupestre. É interessante pensar que essa observação era totalmente empírica, baseada na experiência direta. Os povos pré-históricos percebiam os ciclos lunares — fases, eclipses e o brilho noturno — e os relacionavam a fenômenos naturais, como marés, fertilidade, colheitas e até comportamentos animais.
Em muitos sítios arqueológicos, arqueólogos encontraram gravuras e entalhes em ossos ou pedras que parecem registrar ciclos lunares — como o famoso Osso de Blanchard (cerca de 30.000 a.C.), que possui marcas interpretadas por muitos estudiosos como uma contagem das fases da Lua. Esses registros podem ter sido usados como calendários lunares, ajudando a organizar a caça, as colheitas e rituais.
A Lua era frequentemente carregada de significados místicos e religiosos. Pinturas rupestres e artefatos indicam que ela podia ser associada a divindades femininas, à fertilidade e aos ciclos de vida, morte e renascimento. Em muitas culturas antigas — não apenas nas pré-históricas — a Lua está ligada ao feminino, pois seu ciclo de aproximadamente 29 dias se assemelha ao ciclo menstrual. Alguns sítios megalíticos, como Stonehenge (embora posterior ao Paleolítico), apresentam alinhamentos que consideram os ciclos lunares. Já a arte rupestre pode retratar luas crescentes ou cheias, mas sua interpretação permanece incerta — não temos certeza absoluta de todos os significados atribuídos a essas representações. A arqueoastronomia estuda como os povos antigos observavam o céu, buscando entender esses vínculos culturais.
Para os homens pré-históricos, a Lua era um marcador de tempo, um guia para os fenômenos da natureza e um símbolo poderoso dentro de sua cosmovisão. Eles não possuíam a ‘astronomia’ como ciência estruturada, mas desenvolveram uma forma prática e simbólica de conhecimento — uma verdadeira ‘astronomia cultural’.
Astronomia como ciência
Fica claro que as primeiras descobertas científicas sobre os astros remontam às observações realizadas por essas civilizações antigas, muito antes do surgimento da ciência moderna, pois já registravam movimentos celestes, fases da Lua e a posição das estrelas. Povos como os babilônios, egípcios, chineses e maias desenvolveram sistemas astronômicos complexos para prever eclipses, criar calendários e orientar a agricultura, a navegação e os rituais religiosos. Esses primeiros conhecimentos, baseados em observações sistemáticas, lançaram as bases da astronomia como disciplina científica.
No seguinte post, abordaremos os nomes daqueles que trariam novos conceitos e visões sobre o que a astronomia representa para a humanidade.
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