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Ep 6 – Estrelas gigantes

Abordaremos no post de hoje estrelas mais massivas que nosso Sol, geralmente classificadas como aquelas com mais de 8 massas solares que seguem um ciclo de vida mais rápido, mais energético e muito mais violento do que estrelas de massa baixa ou média, como o nosso Sol.

mapa temporal
Representação de nosso mapa temporal de ciclo de vida estelar.

Estrelas massivas são fornalhas cósmicas fabricando elementos pesados como oxigênio, carbono, ferro, entre outros, e os espalham tornando possível a formação de planetas rochosos e vida. Também são as responsáveis pelas supernovas e pelas ondas gravitacionais (no caso de fusões de buracos negros ou estrelas de nêutrons).

Ciclo de vida estelar

illustration of galaxy explosion space
Representação da formação de estrelas supergigantes azuis (Lado esquerdo)

Assim como dito em posts relacionados, a massa necessária para formar uma estrela depende da massa de Jeans, que é o valor crítico para que uma nuvem molecular colapse sob sua própria gravidade. Para uma estrela como o Sol cerca de ~ 2 × 10³⁰ kg. A nuvem original precisa ser muito maior que a estrela final, porque boa parte do gás se dispersa (ventos estelares, radiação, ejeção de jatos). Por exemplo, uma nuvem de 100 M☉ pode formar 1–10 estrelas de massas diversas.

A pressão na nuvem molecular inicial é muito baixa , com certca de 10⁻¹⁴ atm ou menos. À medida que o colapso ocorre no centro da protoestrela, a pressão atinge 10¹⁶ a 10¹⁷ Pascal para começar a fusão do hidrogênio. Pra comparação a pressão atmosférica da Terra é ~10⁵ Pa. Para mais informações sobre o que seria essa massa de Jeans, acesse nosso post Ep 3 – O berçario estelar.

Uma curiosidade interessante é que estrelas extremamente massivas podem chegar a 100–150 M☉, mas perdem muita massa por ventos estelares. Para uma fusão avançada além do hélio, a estrela precisa ter cerca de + que 8 massas solares e para chegar até a formação de um núcleo de ferro e as temperaturas necessárias no núcleo para fundir elementos mais pesados são altíssimas:

Processo de fusãoElemento principal fundidoTemperatura central em Kelvin
Hidrogênio → Hélio (Sequência Principal)H~10 milhões de Kelvin
Hélio → Carbono (Fusão triplo-alfa)He~100 milhões de Kelvin
Carbono → Oxigênio, NeônioC~500 milhões de Kelvin
Neônio → Oxigênio, MagnésioNe~1,2 bilhões de Kelvin
Oxigênio → Silício, EnxofreO~1,5 bilhões de Kelvin
Silício → Ferro (processo de captura alfa)Si~3 bilhões de Kelvin

A pressão no núcleo é extrema, estimativas típicas apresentam valores próximos a 1017 para fusão de hidrogênio como dito antes, e cerca de 1025 para a fusão de silício em ferro. A ordem de grandeza aumenta porque a gravidade intensa mantém o núcleo colapsado, enquanto o calor da fusão tenta expandi-lo.

Análise quantitativa

Existem algumas fórmulas, maneiras e conceitos matemáticas de se prever e equacionar o que ocorre dentro do núcleo para que a fusão nuclear seja possível, a Energia de fusão liberada por exemplo pode ser descrita pela Lei de Bethe–Weizsäcker, onde :

lei de energia de fusão
Lei de estimativa de energia liberada pela fusão nuclear.

Temos também a equação de equilíbrio hidrostático que representa bem como uma estrela consegue se manter estável entre a expansão desenfreada da reação nuclear e o colapso gravitacional, e temos conceitos que representam a cadeia de reações que ocorre em seu interior que mantém a fusão acontecendo. Esses e outros conceitos abordaremos melhor em posts específicos sobre o equilíbrio hidrostático estelar e a fusão nuclear.

O fim de uma Gigante!

fim de uma supergigante
Representação do possível colapso de uma Supergigante.

Após esse post, espero que tenha ficado claro que Gigantes azuis são estrelas muito massivas (tipicamente > 10 M☉) que estão na fase em que queimam hidrogênio de forma intensa no núcleo. Sua cor azul indica temperaturas superficiais altíssimas: 20.000 K a 50.000 K e elas são luminosas e compactas em relação à sua massa. O mais incrível é…. que uma certa mudança ocorre em seu fim.

Quando o hidrogênio do núcleo se esgota, o núcleo agora, composto principalmente de hélio, não gera mais energia suficiente para sustentar a pressão interna, ou seja a gravidade vence, dessa maneira o núcleo colapsa, aumentando dramaticamente sua temperatura e ao mesmo tempo, as camadas externas, ainda ricas em hidrogênio, sentem o aumento de energia vinda da casca onde o hidrogênio continua a queimar em uma camada ao redor do núcleo.

Esse novo equilíbrio faz a estrela se dilatar e o núcleo contrai, se esquenta e inicia a fusão de hélio em carbono, assim como estrelas de baixa massa; porém como a energia liberada não consegue escapar rapidamente, ela se acumula e infla a atmosfera estelar, sendo assim a camada externa se expande milhares de vezes o raio original e a temperatura da superfície cai (tornando-se assim avermelhada).

Percebe-se então que assim como estrelas de massa menor, uma estrela massiva nasce de uma nuvem molecular, que colapsa devido à gravidade. A alta densidade gera uma protoestrela, que aquece até iniciar a fusão nuclear. Na fase de Sequência Principal, a estrela funde hidrogênio em hélio no núcleo. A diferença é que estrelas massivas gastam seu combustível muito mais rápido. Por exemplo, uma estrela com 20 vezes a massa do Sol pode viver apenas alguns milhões de anos, enquanto o Sol viverá cerca de 10 bilhões de anos até que, quando o hidrogênio do núcleo acabar, o núcleo colapsa parcialmente, a fusão de hélio começa e camadas externas se expandem, sendo assim a estrela se torna uma supergigante. Dependendo da massa e da perda de massa estelar, pode se tornar uma supergigante vermelha ou azul. A maior diferença entre estrelas muito massivas e estrelas de baixa massa, é que a fusão prossegue além do hélio: carbono, oxigênio, neônio, silício… até formar um núcleo de ferro e na fusão do ferro, não há liberação de energia, então o equilíbrio acaba. Este é o resumo de tudo que discutimos até aqui e se você quiser saber mais detalhes do que ocorre na fase de supergigante, tanto no caso das estrelas de baixa massa quanto das massivas, é só acompanhar nossos posts.

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